.
Bom, ultimamente eu ando sentindo vontade de fazer várias coisas. Enfim, talvez essas vontades tenham um fundamento, não sei. Mas acontece que faz algum tempo que ando pensando muito
É, esse lugar não me agrada muito, principalmente por que a ultima vez que estive lá mexeu muito comigo, pois foi o dia que fizemos a exumação dele. Não foi fácil aquele dia, mas, mesmo sendo difícil é uma coisa que precisamos encarar... às vezes.
Hoje foi o dia. Fomos todos, minha mãe, meu irmão e eu. Chegamos lá, o local vazio, tranqüilo. Mesmo fazendo muito tempo da ultima visita, eu sabia exatamente o local. Paramos em frente, estava tudo certo, nenhum problema.
Ficamos parados ali por um tempo, meu irmão por um momento lembrou-se de algo referente à data. Minha mãe lembrou-se de alguma outra coisa. E eu lembrei de tudo que aconteceu antes, durante e depois...
Eles decidiram ir dar uma volta e eu fiquei ali, parada embaixo de um sol forte, olhando para aquela lápide. Rezei um Pai Nossa para ele. Pedi para ele ficar a meu lado, pois eu estava precisando dele. Fiquei pensando em como seria nós, hoje. Como seriam nossas vidas. Se teríamos uma chance para ficarmos juntos.
Mas, acho que a sensação mais forte que tive foi a de que parecia que ele não estava ali, de baixo daquela lápide. Acho que sinto meu pai muito mais dentro da minha casa do que senti ali, naquele lugar longínquo. Não sei explicar, mas por um momento me perguntei o que estava fazendo ali se ele não estava ali...
Foi estranho esse pensamento, mas confortante, pois é pensando assim que percebo o quanto posso senti-lo comigo. O quanto sinto saudades. O quanto ele é presente
No final desses pensamentos e orações, não consegui segurar as lágrimas...
.
.
.
.
Na escura noite,
No arder das batidas de um coração,
Pálido, chorando as tristezas da vida
Pedindo ao tempo...
sonhando ao vento...
Uma lágrima a molhar a face
Um pedido preso nos olhos
Um grito que sufoca a alma
E a faz parar ... perdida...
Tentando buscar um lugar.
Tentando encontrar o teu olhar ...
20/07/2004
Mais um poema da Bri, de uma outra data, de um outro momento, porém, com o mesmo significado e com o mesmo sentimento presente. Talvez até, os mesmos personagens....
Bora lá! Ainda com saudade e penando pelo ‘silêncio”...
.
.
.
Por Miguel Falabella
.
Em alguma outra vida, devemos ter feito algo de muito grave para sentirmos
tanta saudade.
Trancar o dedo numa porta dói.
Bater com o queixo no chão dói.
Torcer o tornozelo dói.
Um tapa, um soco, um pontapé, doem.
Dói bater a cabeça na quina da mesa, dói morder a língua, dói cólica, cárie
e pedra no rim.
Mas o que mais dói é a saudade.
Saudade de um irmão que mora longe.
Saudade de uma cachoeira da infância.
Saudade do pai que morreu, do amigo imaginário que nunca existiu.
Saudade de uma cidade. Saudade da gente mesmo, que o tempo não perdoa.
Doem essas saudades todas.
Mas a saudade mais dolorida é a saudade de quem se ama.
Saudade da pele, do cheiro, dos beijos.
Saudade da presença, e até da ausência consentida.
Você podia ficar na sala e ela no quarto, sem se verem, mas sabiam-se lá.
Você podia ir para o dentista e ela para a faculdade, mas sabiam-se onde.
Você podia ficar o dia sem vê-la, ela o dia sem vê-lo, mas sabiam-se amanhã.
Contudo, quando o amor de um acaba (apesar de eu achar que AMOR não acaba), ou torna-se menor,
ao outro sobra uma saudade que ninguém sabe como deter.
Saudade é basicamente não saber.
Não saber mais se ela continua fungando num ambiente mais frio.
Não saber se ele continua sem fazer a barba por causa daquela alergia.
Não saber se ela ainda usa aquela saia.
Não saber se ele foi à consulta com o dermatologista como prometeu.
Não saber se ela tem comido bem por causa daquela mania de estar sempre
ocupada, se ela continua preferindo suco, se ele continua sorrindo com
aqueles olhinhos apertados, se ela continua dançando daquele jeitinho
enlouquecedor, se ele continua cantando tão bem, se ele continua amando, se
ela continua a chorar até nas comédias!
Saudade é não saber mesmo!
Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos, não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento, não saber como frear as
lágrimas diante de uma música, não saber como vencer a dor de um silêncio
que nada preenche.
Saudade é não querer saber se ela está com outro, e ao mesmo tempo querer.
É não saber se ele está feliz, e ao mesmo tempo perguntar a todos os amigos por isso...
É não querer saber se ele está mais magro, se ela está mais bela.
Saudade é nunca mais saber de quem se ama, e ainda assim doer.
Saudade é isso que senti enquanto estive escrevendo, e o que você, provavelmente, está sentindo agora depois que acabou de ler...
.
.
Acho que não preciso falar nada, apenas sentir....saudades!
.
.
.Bora lá!
.
.
Puxa, passei a semana inteira pensando que eu precisava escrever algo aqui. Algo além da homenagem anterior. Algo que pudesse contar um pouco de você. Algo que pudesse expressar os 14 anos, completados neste ano, de uma distância infindável (ou talvez não) de uma pessoa na qual passei praticamente minha vida inteira “sem”...
É difícil explicar essa história. É difícil falar desta pessoa. É difícil colocar aqui o que senti e o que sinto por ela... Por tudo que fez e que também não fez...
Eu era muito nova quando essa distância deu-se. Mas, embora nova, eu já tinha vivido muito, tinha uma bagagem enorme. Muita coisa aconteceu... Precisei passar por elas! E passei, sobrevivi e superei muita coisa.
Lembranças eu guardo desde as mais simples como a dele tirando-me do chão gelado, no qual adormeci de tanto brincar, e carregando-me no colo para então colocar-me na cama... E eu acordei e corri brincar novamente... acho que eu queria aproveitar o momento a seu lado. Era limitado! E também as mais difíceis, como por exemplo, quando e a forma que soube de sua partida... Há 14 anos!
Ele não me deu muito em vida, não foi como deveria ser, não tive coisas que muitas pessoas naquela idade tiveram, mas o ensinamento que ele deixou-me pelas suas atitudes, pelos feitos em toda sua vida que, na real, não foram tão bons assim. Isso tudo se transformou
O que ele ensinou-me poucos irão aprender em suas vidas inteiras. Poucos hão de ter, numa vida inteira, uma bagagem como essa que já possuo, mesmo sendo tão nova, e eu devo isso tudo a ele... O pouco tempo que vivemos juntos foi bom e isso supera tudo de ruim que aconteceu...
Hoje, eu nem sei dizer se sinto sua falta, aquela falta física, pois eu o sinto tão perto de mim, tão dentro de mim que acho que a saudade não está entre nós...
Todas as noites, trancada em meu quarto, em minhas orações, parece que ele vem ficar comigo. É uma sensação indescritível... A paz, a tranqüilidade... Por várias vezes eu cheguei a conversar com ele, pedir ajuda nos meus momentos de desespero e foram nessas horas que mais o senti perto...
Às vezes penso que ele faz isso para ficar perto de mim e tentar fazer o que não pôde em vida, pois eu acabei crescendo sem ele...
Eu estou falando do meu pai... E agradeço a Deus por deixá-lo perto de mim assim, como ele está agora....
Ao meu lado outra vez
Caminhos tem o céu
Mistérios tem o mar
E a sombra do desejo
Que me vem assediar
flores que se mexem
Com o vento noturnal
Exalando seus perfumes
Num prelúdio sem final
Entre meus sonhos... te vejo
Ao meu lado outra vez
Com teu rosto tão sereno
Me amando, sem talvez...
Estrelas que se apagam
Amores que se vão
Pensamentos que divagam
Sempre com o mesmo refrão
Soando
Com
E chorando como um órgão
Está meu coração
Entre meus sonhos... te vejo
Ao meu lado outra vez
Com teu rosto tão sereno
Me amando, sem talvez...
É hoje que devo desejar-te Feliz Dias dos Pais! E que seja feliz para você e para mim...
É hoje que eu quero que você ouça meu coração dizer que, mesmo longe fisicamente, você não deixou de estar presente, você não deixou de dar-me o apoio que um pai deve dar, o ensinamento que um pai deve transmitir, o caráter que um pai deve cultivar
E foi isso que me fez crescer como ser humano e fez com que eu me tornasse uma filha com respeito e admiração ao que você ensinou.
.